O começo – capítulo 1
“O ano era 2010…”
– Mas espera, não foi aí que realmente começou não é? – Jéssica se questionou em sua própria cabeça. – Não, definitivamente não foi.
“O ano era 2001… eu acho. Eu não me lembro exatamente e já adianto as minhas mais sinceras desculpas por isso, mas o que importa aqui é que as minhas primeiras lembranças relacionadas a minha obsessão pela cozinha surgem por volta dos meus 9 ou 10 anos.
Quando eu, insistentemente, tentava fazer com que minha mãe e minha avó me ensinassem a cozinhar porque eu achava aquilo simplesmente fascinante e precisava a todo custo aprender a fazer a mágica de transformar alguns ingredientes em algo delicioso.”
– Nossa, como eu queria me lembrar com clareza desses momentos. – Ela ainda se pegava falando sozinha e tentando fortemente lembrar como foram essas primeiras experiências de contato com as panelas.
“Pois bem, vamos começar por aí então. E se você acha que essa é uma história simples, está muito enganado, mas se você acha que essa é uma história de amor… aí você está coberto de razão.”
– Absolutamente ninguém vai ler isso, eu tenho certeza que eu tô perdendo meu tempo escrevendo. – Jéssica ainda se questionava se valia a pena contar essa historia. – Mas quero continuar assim mesmo porque vai ser bom escrever, mesmo que apenas pra mim.
“Eu sempre gostei do ambiente da cozinha e das coisas que esse lugar pode proporcionar, como a união, as risadas, o convívio e os momentos gostosos que temos quando estamos na cozinha, no coração da casa.
Pra mim, chamar esse cômodo de ‘coração da casa’ sempre fez muito sentido, afinal, é lá que se concentra todo o amor e cuidado de uma família. Não existe ato mais nobre do que cozinhar para alguém que se ama e é alí que isso acontece, um verdadeiro ato de amor.
Ato de amor esse que é muito praticado por aqui, porque o almoço em família no domingo sempre foi uma tradição em casa. E eu me lembro de acordar aos domingos, tomar café da manhã e ir me arrumar para almoçar na casa da vó Tereza.
Lembro de chegar na casa dela e ir direto pra cozinha onde ela mexia várias panelas ao mesmo tempo e aquilo parecia ser a coisa mais incrível do mundo, quase como um super poder que eu torcia pra ter também.
E eu realmente tinha! Um super poder do qual eu me orgulho muito, para deixar registrado.”
– Até que eu tô gostando disso, mas como é difícil escrever um livro.
“Não demorou muito até que elas finalmente me ensinassem a cozinhar. Arroz, foi minha primeira obra de arte com as panelas. A primeira coisa que minha mãe me ensinou a cozinhar foi arroz e assim eu descobri que eu realmente amava cozinhar, fazendo arroz.
Não demorou muito até eu começar a preparar pratos mais elaborados e me arriscar cada vez mais com os preparos.
Aos 13 eu já sabia exatamente o que eu queria fazer: ter o meu próprio restaurante, ser uma chef! E eu sonhava com isso dia após dia, planejando como seria fazer faculdade de gastronomia, encontrar o lugar perfeito com um salão enorme e cheio de mesas com toalhas brancas, criar pratos que me tornariam a melhor chef do mundo.”
– Eu realmente acreditava que eu seria a “melhor chef do mundo”, eu… a pessoa que até os 25 anos não comia cenoura, odeia ervilha e tem um monte de restrição alimentar. Naquela época eu não podia nem achar um pedaço de cebola no meio na comida, mas o que custa sonhar não é mesmo? – Jéssica se pegou pensando no quão irônico isso parece hoje em dia, mas como era lindo sonhar com isso enquanto criança.
“E esse foi o meu começo…
o meu inicio como chef. E sim, as coisas mudaram (muito), mas aquela garotinha ainda tinha muita coisa pra viver e aprender, mas o meu sonho de ser a melhor chef do mundo, com o meu restaurante perfeito e um salão enorme com as mesas de toalhas brancas, se estendeu por anos… até os meus 17 anos, pra ser mais exata.
E o que aconteceu depois disso? Ah, isso é outra história.”
Oi, eu sou a Jéssica. Tenho mais de 10 anos de profissão e desde muito cedo eu me vi encantada pela cozinha e suas possibilidades. Não sei dizer ao certo em que momento isso se tornou algo tão significativo na minha vida, pra falar a verdade é como se isso fizesse parte de mim desde sempre. Foi assim que eu me encontrei na confeitaria e decidi, aos 18 anos, viver de doces.